A qualidade da
água.
O
título referente à qualidade da água está intrinsecamente ligado à qualidade de
vida dos habitantes do aquário. A água deve estar em condições adequadas aos
habitantes, ou seja, um aquário voltado à Acarás Discos, água ácida e mole, não
é adequada a peixes de água alcalina e dura, como é o caso dos Ciclídeos Africanos.
O habitat natural das espécies nos fornece dados a serem seguidos para criarmos
um ambiente "artificial" similar às condições naturais em que nossos
animais estariam submetidos na vida selvagem, visto que, a criação de peixes
ornamentais nos fornece diferentes espécies de diversos ambientes cujos
parâmetros da água são distintos de acordo com cada região.
Sendo
assim, deve-se entender que os parâmetros da água variam de acordo com cada
aquário, visando a aproximação das condições mais propícias para fornecermos a
melhor qualidade de vida aos habitantes e, assim, controlarmos a água para
mantê-los sadios e livres de condições tóxicas ou inadequadas.
PH , KH, GH,
CO2
Devemos entender os parâmetros da água para que possamos
recriar ou, ao menos, nos aproximar das condições naturais de origem dos
peixes.
O PH
(potencial hidrogênico) determina o grau de acidez da água. Entende-se por PH
Neutro a medição 7.0 em sua escala, enquanto medições inferiores a 7.0
determinam a água como ácida e superiores como alcalina. Deve-se estudar cada
espécie e analisar a compatibilidade com o PH antes de inseri-los no aquário.
Algumas espécies vivem em diferentes graus de PH, ou seja, aceitam certa variação
sem sofrerem qualquer dano, mas devemos evitar mudanças bruscas do PH frente a
alta sensibilidade de algumas espécies a tais alterações.
É
importante salientar que alguns elementos devem ser considerados na montagem do
aquário, pois determinados itens de decoração podem ser responsáveis pela
alteração indesejável do PH. Dentre os objetos que acidificam a água podemos
citar troncos, xaxim e turfa; enquanto os alcalinizantes mais comuns são
pedras, conchas e dolamitas.
Alguns
aquaristas encontram dificuldades em estabilizar o PH no grau desejado. Isso
ocorre, principalmente, em aquários recentemente montados, onde o ambiente está
em transformação em busca de adaptação, sendo normal a oscilação do PH nos
primeiros meses até que enfim se estabilize. No entanto, há diversos produtos
no mercado voltados à acidificação, alcalinização e até mesmo para a estabilização
através de tamponadores (responsáveis pelo efeito "tampão" no PH).
Outro
parâmetro importante é o KH (dureza carbonata da água), pois está diretamente
ligada ao PH. Deve-se salientar que quanto menor o grau de KH na água, maior
será a variação do PH e, consequentemente, maior será o risco para os
habitantes sofrerem com essa oscilação. O
KH é a dureza de carbonatos representada pela quantidade de carbonatos e bicarbonatos
dissolvidos na água.
Alguns aquaristas, erroneamente, associam valores altos
de KH a valores altos de PH, mas a única relação existente é o efeito de
tamponamento que o primeiro exerce sobre o segundo, visto que, o KH mede a
capacidade de absorção de ácidos na água.
Diante
do conceito e sua função, surge o questionamento sobre o valor ideal para o KH
para manter o PH estável. No entanto, não há como precisar um valor a ser
mantido frente a diferentes montagens e necessidades; em geral, entende-se que
o valor de KH entre 3-4 é o suficiente para manter o PH estável .
Diferentemente
da dureza específica de carbonatos (KH) há a DUREZA GERAL (GH). A concentração
de cálcio, magnésio e outros metais alcalinos são responsáveis pela escala de
medição em graus da dureza geral, sendo que cada grau (°DT) corresponde a 10mg
desses elementos em um litro de água.
Quanto maior o
grau, mais dura será a água.
Devemos seguir a tabela de concentração de metais
alcalinos para determinarmos a dureza da água:
0 a 4° DT
|
Muito mole
|
5 a 8° DT
|
Mole
|
9 a 12° DT
|
Média
|
13 a 18° DT
|
Dura
|
Maior que 18° DT
|
Muito dura
|
Para
melhor entendermos a função do GH exemplificaremos a necessidade de duas
espécies de peixes com necessidades de dureza geral bem distintas:
O Acará Disco de origem da Bacia Amazônia vive em um
ambiente cuja água é muito mole e, por esse motivo, devemos criá-los nas mesmas
condições. Enquanto, os Ciclídeos Africanos, oriundos do Lago Malawi, vivem em
águas extremamente duras, com GH superiores a 18°.
Outro fator importante para aquários plantados ou com
plantas é o CO2 que paralelamente as demais necessidades das plantas como
iluminação e nutrientes, é fundamental para o crescimento e vida de muitas
espécies de plantas subaquáticas. A injeção através de cilindro é a maneira
mais fácil e controlada de adicionar CO2 à água, mas devemos nos atentar ao
grau de diluição na coluna d'água para evitarmos excesso e, não favorecermos às
algas ou até mesmo intoxicarmos os peixes. No entanto, o CO2 pode ser usado
para diminuir a propagação de alguns tipos de algas, tal como, a famosa peteca
que prefere águas mais oxigenadas e tende a morrer quando condicionada a
parâmetros altos de CO2 ou injeções de carbono líquido através de seringa,
feito diretamente sobre a alga.
Diante do conceito e da breve explicação de cada
parâmetro realizado acima, algumas dúvidas podem surgir e, buscando
solucioná-las, selecionamos as duas dúvidas mais comuns e as respondemos
sucintamente:
1ª. Como medir o PH, GH, KH e o CO2?
Há no mercado diferentes marcas de produtos destinados a
medições no ramo para cada parâmetro. No entanto, no caso do CO2 com uma breve
comparação do PH e KH podemos definir seu grau de diluição na água e, para
isso, usaremos a seguinte tabela:
2ª. Como alterar esses parâmetros?
O PH pode ser alterado utilizando elementos decorativos
que acidificam ou alcalinizam a água, mas há produtos específicos para esse fim
de diversas marcas. O CO2 pode ser usado para acidificar a água, mas excessos
podem levar os peixes a morte por intoxicação.
O GH e o KH podem ser diminuídos com a troca de água por
água de dureza geral e carbonata mais baixa, utilizando xaxim puro ou
introduzindo carbonato de cálcio (CaCO3).
Caso pretenda aumentar o KH sem alterar o GH deve
adicionar bicarbonato de sódio.
Para alterar o nível de CO2 na água
deve-se injetar na CO2 , preferencialmente de cilindro, na água. Há também
pastilhas de CO2 e carbono líquido que estão no mercado para substituir ou
complementar a injeção, mas em termo de custo e benefício, o recomendado é
utilizar o cilindro.
Atenção: toda mudança de parâmetro
deve ser feita lentamente para evitar mudanças bruscas e, conseqüentemente,
danos aos peixes e plantas.
Vítor Fuziyama